A chave dos grandes mistérios

(Resposta de um iogue extrafísico a pergunta: "Qual é o mistério da existência?")



Depois de tantos anos de profunda pesquisa pelos reinos da consciência e suas manifestações, o que posso dizer-lhe é que a chave dos grandes mistérios oculta-se dentro das pequenas coisas e também na simplicidade da própria vida.

Descobri a alegria que transcende o emocionalismo comum e tornei-me igual a uma criança.

Vivo nas asas da alegria e tudo é novidade.

Pensam que sou um sábio, mas tornei-me criança nos braços da vida.

Você conseguiu captar a mesma essência que inspirou-me a escrever tanto. Conseguiu ver-me além da referência dos sentidos comuns. Onde pensam sentir-me como um iogue ancião e sábio, você vislumbrou a força da criança e a luz da vida no semblante de um idoso jovial.

Uma mocidade serena foi o fruto de toda minha vida e pesquisa.

Imaginam-me junto aos sábios da Índia morando nas altas esferas espirituais. No entanto, gosto mais de ficar entre as crianças. As passarelas da vida interessam-me mais do que o ócio no paraíso.

Gosto de tocar as cabeças dos pequeninos e passar-lhes as bençãos que a serenidade outorgou-me. Às vezes, eles sentem minha presença e alegram-se espontaneamente. Seus pais não percebem o vovô, que é mais criança do que seus filhos, afagando-lhes os cabelos e agradecendo ao Todo Poderoso pela efusão da vida em cada ser.

Se a serenidade tornou-me criança da vida, isso significa que o Ancião dos Dias, sereníssimo, é a maior criança do universo. Ele brinca e afaga nossas consciências sem que O percebamos.

Quer conceito mais iogue do que esse?

Brahman é a criança divina que esconde-se em nossos corações.

É o sábio dos sábios.

Eterna efulgência, revela-se apenas para os pequenos.

Oculta-se dos doutores, mas apresenta-se alegremente para as crianças.

E Ele ri com elas.

Essa é a chave dos grandes mistérios: não se encontra o Supremo no Céu e nem nos ensinamentos dos sábios da Terra. Ele está junto com as crianças.

Foi isso o que descobri depois de tantos anos de pesquisa profunda nos reinos da espiritualidade. Por isso, tornei-me criança e estou entre elas.

Encontro o Todo poderoso no sorriso delas.

Agora, você já sabe onde encontrar-me.

O sábio desnudou-se espiritualmente e continua freqüentando a escola da vida.

O Brahman descrito nos Upanishads* é o Supremo impresso nas folhas de um livro escrito pelos antigos rishis**. É um dos estágios da sabedoria antiga.

Descobri que o estágio seguinte é o Brahman descrito nos Upanishads das crianças. É o Supremo impresso no sorriso delas.

Por isso, os sábios tornam-se crianças e vivem entre elas. Eles querem fazer o estágio seguinte.

Essa é a revelação, meu caro rapaz: os sábios de todas as eras prezam mais a sabedoria da vivência nas passarelas da vida do que nos píncaros celestes.

Gostei de visitá-lo e ver que reporta as vivências espirituais para os outros. Isso torna a espiritualidade mais clara e humana, mais acessível a adaptável aos rumos da vida moderna.

Há um novo homem surgindo dentro do homem comum da Terra. Ele ainda vacila e caminha zonzo, mas, passo a passo, vida após vida, sua radiância se tornará plena.

Um ser de luz habita o interior da consciência humana e seu brilho inspirará a humanidade a caminhar e alcançar seu destino glorioso no imenso concerto dos mundos que se espraiam pela imensidão do universo e suas inúmeras dimensões.

Eleve os pensamentos ao Todo poderoso e agradeça pela efusão de vida perene.

Torne-se criança também!

PS: Krishna é o flautista divino. Você é a flauta. É Ele quem toca as melodias da espiritualidade que fluem por você para os homens do mundo.

Ele é o instrumentista, você é o instrumento. Nunca se esqueça disso!

Seja sempre uma flauta digna de ser tocada pelo senhor dos olhos de lótus.

Seja feliz e profundo, semelhante a Brahman e as crianças.

- Um Iogue que se tornou criança -
(Recebido espiritualmente por Wagner Borges;
São Paulo, 11 de novembro de 2000 às 03:32h da madrugada).

Notas: * Upanishads (do sânscrito): Parte final dos Vedas; Conjunto de ensinamentos dos rishis da antiga Índia sobre a natureza do atman (essência espiritual que habita o coração da vida) e Brahman (O TODO, O Grande Arquiteto do Universo).
** Rishis (do sânscrito): Sábios.

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