A influência da projeção astral na antiguidade


Por Wagner Borges -


Diariamente, todos os seres humanos são visitados por um personagem ilustre, Hipnos*, que inexoravelmente colhe a todos em sua malha de inconsciência temporária chamada sono.

Diariamente, também, alguns seres humanos são visitados por outro personagem ilustre, Thanatos, que inexoravelmente colhe alguns escolhidos em sua malha de inconsciência permanente chamada morte.

Hípnos é considerado amigo e recebido com satisfação. Todas as noites, bilhões de pessoas se deitam e esperam receber o seu abraço confortador até o dia seguinte.

Thanatos é considerado inimigo, e ninguém gosta de recebê-lo. Bilhões de pessoas ficam assustadas à simples menção de seu nome.

Hipnos é querido! Thanatos é temido! No entanto, os antigos gregos consideravam Hipnos, o sono, e Thanatos, a morte, como irmãos. Alegavam eles, que o sono e a morte não tinham muitas diferenças entre si.

De fato, o que é o sono senão uma mini-morte? O corpo físico adormecido é um "cadáver que respira". Tanto no sono como na morte, há ausência de lucidez no corpo humano.

Por essa semelhança de estados, sono e morte, é que os antigos gregos diziam que Hipnos era o irmão menor de Thanatos. E também porque eles acreditavam que, durante o sono, a alma se afastava do corpo e viajava para o mundo dos espíritos.

Na verdade, essa é a maior semelhança, pois tanto no sono como na morte, a consciência está fora do corpo.

A crença de que a alma podia abandonar o corpo e a ele retornar posteriormente não está só na antiga Grécia, está espalhada por toda a história.

A projeção é mencionada em diversos textos antigos da Grécia, China, Pérsia, Índia, Israel, Tibet e Egito.

Essas evidências de projeções na Antiguidade são difíceis de comprovar, já que as informações existentes são de escritores cuja fonte não podemos investigar.

Entretanto, muitas dessas informações dos antigos são confirmadas e repetidas pelos modernos fenômenos de projeção.


(Texto extraído da apostila do Curso de Projeção da Consciência – 2ª fase.)

Notas: * Hipnos (do grego): Deus do sono, filho de Érebo e da Noite e irmão de Thanatos, o deus da Morte.

A influência da espiritualidade no rock progressivo


Por Wagner D. Borges -
(Matéria publicada no Jornal Metamúsica Número 10 - Ano 2000).



Obs: O texto é extenso e fala de rock progressivo, mas está cheio de informações técnicas sobre a projeção da consciência (viagem astral) e esclarecerá a vários leitores sobre diversos sintomas projetivos e bioenergéticos.

Outro dia, conversando com o Marcos, nosso amigo editor de "Metamúsica", sobre a influência da espiritualidade em diversos temas do rock progressivo, ele comentou sobre um artigo em inglês que abordava justamente este assunto. Ocorre que o tal artigo era muito superficial, talvez até pelo fato de o autor não ser pesquisador dessa área. Daí, comentei com ele que eu tinha selecionado várias músicas que falavam sobre temas espirituais no contexto do rock progressivo. Resumo da história: decidimos fazer uma matéria sobre isso neste presente número de "Metamúsica". Porém, como o tema é bastante abrangente, decidimos dividi-lo em duas partes.

Nesta primeira parte, estão algumas músicas que falam de viagens astrais e presenças espirituais. Elas demonstram nitidamente essa influência comentada.

Antes de comentarmos as letras delas, vamos a uma pequena introdução técnica sobre o que é uma viagem astral. Coloquei o assunto em perguntas e respostas para facilitar o entendimento dos leitores. Inclusive, acredito que muitos leitores reconhecerão várias das sensações descritivas deste fenômeno parapsíquico, mais comum do que se pensa. Esta introdução é absolutamente necessária para demonstrarmos a conexão deste assunto com diversas músicas do progressivo e do rock em geral. Vamos a ela:

1. O que é uma projeção astral?

- Projeção astral é a capacidade parapsíquica da consciência se projetar temporariamente para fora de seu corpo físico. É conhecida popularmente como viagem astral ou saída do corpo. Dependendo da doutrina ou grupo que pesquise esse assunto, os nomes para isso são os mais diversos. Por exemplo: "projeção astral" (Teosofia); "experiência fora do corpo" (Parapsicologia); "projeção da consciência" (Projeciologia); "desdobramento espiritual", "desprendimento espiritual" ou "emancipação da alma" (Espiritismo); "saída astral" (Gnose); "projeção do corpo psíquico" (Ordem Rosacruz); ou simplesmente "viagem fora do corpo".

2. Quer dizer que projeção astral é o mesmo que viagem astral ou saída do corpo?

- Sim, é a mesma coisa. É que cada um chama por um nome diferente, mas é a mesma experiência.

3. É um fenômeno que só ocorre com médiuns e iniciados esotéricos ou ocorre também com as pessoas comuns?

- As experiências fora do corpo ocorrem naturalmente com todos os seres humanos. É capacidade natural da pessoa. Independe de contexto religioso, cultural, social, esotérico, sexual ou racial. Ocorre que quando deitamos para dormir, o nosso corpo sofre uma redução natural de seu metabolismo. Os batimentos cardíacos ficam mais tranqüilos e o padrão de ondas cerebrais se modifica. Enquanto o corpo físico descansa, o corpo espiritual (também chamado de corpo astral, perispírito, psicossoma, corpo da alma, corpo sutil, corpo de luz) desprende-se e flutua por cima da parte física. Por ser um corpo de natureza sutil, pode se locomover em alta velocidade e voar a lugares do plano físico ou espiritual.
Essa experiência pode ocorrer de três maneiras básicas:

- Projeção consciente: a pessoa está lúcida fora do corpo e pode controlar a experiência.

- Projeção inconsciente: a pessoa está projetada fora do corpo, mas não tem consciência. Está dormindo fora do corpo.

- Projeção semiconsciente: a pessoa está fora do corpo meio-desperta. Percebe as coisas, mas não consegue interagir lucidamente com a experiência.

4. Quais são os sintomas de uma saída do corpo?

- Os sintomas preliminares de uma projeção são variados. Inclusive, muitos leitores se sentirão familiarizados com alguns deles. Normalmente, as pessoas sentem esses sintomas durante o sono, mas devido à falta de informação do que está acontecendo, elas ficam com medo de contar para outras pessoas. Descreverei agora estes sintomas:

- Catalepsia projetiva: Esse fenômeno causa medo em muitas pessoas, mas é muito mais comum do que se pensa. A pessoa acorda no meio da noite (ou mesmo numa soneca durante o dia) e descobre que não consegue se mexer. Parece que uma paralisia tomou conta do corpo. Ela não consegue mexer um dedo sequer. Tenta gritar para chamar alguém, mas não sai voz nenhuma. A pessoa luta tenazmente para sair desse estado, mas parece que uma força invisível tolheu-lhe os movimentos. Inclusive, pode ter alguém deitado do lado e não perceber nada do que está acontecendo. Dominada por aquela paralisia, a pessoa grita mentalmente: "Eu tenho que acordar! Isso deve ser um pesadelo!" Mas ela já está acordada, só não consegue se mover. Devido ao pânico que a pessoa sente, seus batimentos cardíacos se aceleram. A adrenalina se espalha pela circulação e estimula o corpo. O resultado disso é que a pessoa recupera os movimentos abruptamente, normalmente com um solavanco físico (espasmo muscular). Em poucos momentos, seu cérebro racionaliza o fato e dá a única resposta possível: "Foi um pesadelo!" Algumas pessoas mais impressionáveis podem fantasiar algo e jogam a culpa da paralisia em demônios ou seres espirituais. Na verdade, a pessoa acordou no meio de um processo vibratório decorrente da mudança do padrão de vibrações do corpo espiritual em relação ao corpo físico. Ela acordou em um estado transicional dos corpos. Simplesmente, ela despertou para uma situação que ocorre todas as noites quando ela dorme. Antes, ocorria com ela adormecida, e naquela situação ela acordou bem no meio da transição. Se a pessoa ficar quieta e não tentar se mover, sentirá uma sensação de flutuação por sobre o corpo. Ocorrerá um desprendimento espiritual consciente! E então ela poderá comprovar na prática de que aquilo é realmente uma saída do corpo. Verificará por ela mesma de que não se trata de doença ou coisa do demônio. Se ela não quiser tentar a experiência, é só tentar mover o dedo indicador de uma das mãos ou uma das pálpebras, assim ela recupera o movimento tranqüilamente.

- Ballonemant: A pessoa acorda e sente a sensação de estar inflando (semelhante a um balão inflando). Na verdade, é sua aura que está dilatando, mas como ela não sabe disso, pensa que é o corpo que está crescendo e inchando em todas as direções. Se a pessoa ficar quieta e deixar a sensação continuar, ela se projetará suavemente para fora do corpo. Não há perigo algum. Inclusive, essa sensação é muito familiar a sensitivos e médiuns em geral, pois eles têm forte tendência de soltura energética.

- Sensação de falsa queda durante o sono ou cochilo: Quase todo mundo já sentiu isso alguma vez. A pessoa está deitada cochilando (hipnagogia) e, repentinamente, tem a sensação de estar escorregando ou caindo abruptamente da cama. Então, ela desperta com um solavanco físico e um pequeno susto. O que aconteceu? Simplesmente seu corpo espiritual deslocou-se uma polegada para fora do alinhamento vibratório com o corpo físico e foi tracionado vigorosamente para dentro, pois o metabolismo ainda estava ativo e impediu uma soltura maior. Quando eu era pequeno, minha vó dizia que isso acontecia comigo porque eu estava crescendo. Só que não cresci muito (tenho 1,67m de altura) e até hoje isso acontece comigo.

- Estado vibracional: a pessoa desperta no meio do sono e sente uma série de vibrações (descargas energéticas) propagando-se pelo seu corpo. Parece que ela tem uma tempestade elétrica percorrendo seu corpo, às vezes acompanhada de fortes zumbidos dentro da cabeça. Isso ocorre porque o corpo espiritual acelera suas vibrações para escapar das lentas vibrações do corpo denso. Se a pessoa ficar quieta e deixar a sensação continuar, ela se projetará em instantes.

Há outras sensações decorrentes da soltura do corpo espiritual em relação ao físico, mas estas são as mais comuns.

5. Quais são as vantagens para um projetor consciente?

- As vantagens dessa experiência consciente são inúmeras:

- A pessoa comprova por ela mesma de que ela não é somente o corpo físico. Sabe, portanto, que pode viver independentemente do corpo carnal. Sabe que é uma consciência espiritual e seu corpo é a vestimenta carnal transitória.

- Pode encontrar-se fora do corpo com as pessoas amadas que já desencarnaram e manter um contato espiritual com elas.

- Pode ajudar pessoas mediante a aplicação de energia consciencial fora do corpo (de forma semelhante a um passe extrafísico).

- Pode encontrar-se com seres espirituais evoluídos que lhe ensinarão preciosas lições de maturidade e evolução.

- Literalmente, a pessoa perde o medo da morte, pois se vendo fora do corpo denso e encontrando-se com seres extrafísicos, ela descobre que a morte não aniquila a consciência de ninguém, apenas as muda para as dimensões extrafísicas.

- No mínimo, é uma maneira de aproveitar as horas de sono para evoluir. E sem gastar energia do corpo, pois o mesmo está adormecido e se recuperando pelo sono.

- Resumindo: Enquanto a consciência se manifesta nos planos extrafísicos, o corpo descansa. Quando ela volta ao corpo pode ou não se lembrar dos fatos vivenciados. É que o cérebro pode apagar a lembrança dessas vivências extracorpóreas e misturar por cima um monte de sonhos. Quando a pessoa desperta fisicamente, se lembra apenas de uma mistura de imagens incoerentes. No entanto, tudo aquilo que ela aprendeu fora do corpo fica registrado em seu subconsciente e surge no momento oportuno como inspiração nos momentos de vigília mesmo. Nada se perde dentro da alma!

A essa altura do campeonato, bem explicado o que é uma viagem astral, vamos ver algumas músicas que falam deste tema diretamente.

VIAJANTE ASTRAL (Astral Traveller)

E em algum lugar, envolto no aerostato,
um homem, em pé, dirigia seu olhar para os céus,
na tentativa de imaginar com toda a pretensão quando
faria aquilo novamente.
Dar um outro mergulho para dentro do céu.
O viajante astral, partindo e imaginando
onde o brilho vai libertar a carga do corpo.
E uma vez no ar, as pessoas que desafiaria.
Ganhar grande respeito pela existência,
vôo celestial, noite inesquecível
E poder acreditar que todas as coisas vistas
valem a pena serem vistas.
E o viajante astral, partindo e tentando
imaginar para onde as luzes vão,
e libertar a carga que o seu corpo carrega.

- Jon Anderson -
( CD "Time and A Word"; 1970)

A influência da espiritualidade nos temas do Yes é bastante nítida. Jon Anderson, uma das vozes mais belas da música, sempre deixou bem evidente suas inclinações místicas. Isso é facilmente constatado em seus álbuns solo (principalmente em "Song of Seven" - 1980). Em "Tales From Topographic Oceans" - 1974 - (comentado extensamente no último número de "Metamúsica") essa influência está bem estabelecida nos conceitos desse verdadeiro épico sonoro do Yes.

Nessa música, "Astral Traveller", Jon refere-se diretamente a um viajante astral que deixa a carga do corpo e voa pelo espaço. Ou seja, ele demonstra conhecer o assunto e evocou o clima espiritual disso nesta canção. Como esse disco do Yes é de 1970 e o grupo ainda não tinha encontrado o melhor caminho de seu som - coisa que só aconteceria definitivamente a partir dos dois discos seguintes da banda ("The Yes Album" - 1971 - e "Fragile" - 1972 -) e por causa da entrada de Steve Howe e Rick Wakeman - muitos fãs desconhecem essa música. Diga-se de passagem, a música "Time and World" (título do disco) é um dos clássicos da banda até hoje. No Cd "Keys To Ascension II" - 1997 - há uma bela releitura dessa música ao vivo, sem dúvida muito mais bonita e encorpada pela participação de Steve Howe e Rick Wakeman nela. No "Yesshows" (disco ao vivo lançado em 1980 contendo gravações de shows entre o período de 1976-1979) também há uma excelente performance dela.

* * *

Quando o Pink Floyd (talvez a banda inglesa de progressivo mais conhecida do grande público) retornou a música em 1987, depois de uma parada de três anos e sem o Roger Waters, com o disco "A Momentary Lapse of Reason", uma das músicas que chamou a atenção foi justamente a segunda do disco: "Learning To Fly".

Nesta, há claros simbolismos de que sua letra refere-se as viagens fora do corpo. Eles não estão tão evidenciados como na letra anterior do Yes. Por isso, não é fácil detectá-los à primeira vista. Mas, com algum conhecimento do assunto e dando uma olhada com a atenção devida, nota-se claramente, até mesmo pelo seu título, a metáfora inserida nas linhas da canção. Inclusive, em alguns aspectos, ela parece demais com a letra da "Astral Traveller".

À primeira vista, parece a descrição do vôo de uma águia. Mas, a expressão "alma" não deixa dúvidas quanto a real intenção da letra. Num contexto mais esotérico e xamânico, a águia é o símbolo do viajante astral, pois é um animal que vôa, mas ainda está preso a necessidade voltar ao ninho terrestre.

APRENDENDO A VOAR (Learning to Fly)

Dentro da distância, uma faixa de preto esticada até o ponto que não tem
mais volta
Um vôo de fantasia sobre um campo varrido pelo vento
Em pé sozinho, minhas percepções vacilantes
Uma atração fatal me segurando, como
Posso me libertar desse aperto irresistível?
Não consigo tirar meus olhos do céu girando
Com a língua presa e retorcido como um desajeitado preso à terra, Eu
O gelo está se formando nas pontas de minhas asas
Aconselhamentos desnecessários, eu pensei que pensara em tudo
Nenhum navegador para guiar meu caminho para casa
Sem bagagem, vazio e transformado em pedra
Uma alma tensionada que está aprendendo a voar
Condicionada à Terra, mas decidida a tentar
Não consigo tirar meus olhos dos céus girando
Com a língua presa e retorcido como um desajeitado preso à Terra, Eu
Acima do Planeta, sobre uma asa e uma oração,
Minha aura imunda, uma trilha de vapor no ar vazio
Por entre as nuvens vejo minha sombra voar
Pelo canto do meu olho lacrimejante
Um sonho não ameaçado pela luz da manhã
Poderia assoprar esta alma diretamente através do teto da noite
Não há sensação que se compare a isso
Animação suspensa, um estado de graça
Não consigo desviar minha mente do céu girando,
Com a língua presa e retorcido como um desajeitado preso à Terra, Eu.

- David Gilmour, A . Moore , Bob Erzin and J. Carin -
(Cd. "A Momentary Lapse of Reason; 1987).

* * *

Para entendermos o espírito da próxima canção - na verdade, apenas um trecho dela, pois é muito extensa para o espaço que dispomos aqui, novamente é necessária uma pequena explicação técnica sobre o assunto.

Quando ocorre uma projeção do corpo espiritual para fora do corpo físico, há uma ligação energética que conecta os dois corpos durante a experiência. Essa ligação é conhecida esotericamente com o nome de cordão de prata. Trata-se de um apêndice energético, da mesma forma que o cordão umbilical é um apêndice que une o feto ao corpo da mãe, que é o elo de ligação vibracional entre o espírito, temporariamente projetado, e seu corpo adormecido. Esse cordão de prata (nome simbólico, evidentemente) projeta-se como pequenos tentáculos energéticos de toda extensão do corpo físico, com notada proeminência no plexo solar, coração e cabeça, e conecta-se exatamente na parte posterior da cabeça extrafísica.

A ruptura dessa conexão energética causaria a morte do corpo, pois, dessa maneira, o fluxo energético não passaria do espírito para o corpo. Em conseqüência, o corpo morreria por falta de vitalidade, ou melhor, por falta da centelha vital que reside no espiritual. Isso é impossível de ocorrer durante uma viagem astral, muito embora existam muitas lendas antigas falando disso e muitas pessoas sem o devido conhecimento falando de supostos perigos inerentes a essa atividade astral. Na verdade, o cordão de prata não é uma corda e muito menos de prata. É um fluxo energético ativo e dinâmico, verdadeira corrente vibracional que a natureza providenciou para prender a consciência espiritual no corpo denso. Só rompe-se, ou melhor dizendo, dilui sua força, no momento da morte, quando há algum fator desencadeante da parada cárdio-respiratória (acidente, velhice, doença, em suma, o momento derradeiro daquela pessoa no mundo transitório).

Resumindo: na hora da morte do corpo, rompe-se o cordão de prata e o espírito é liberado para seguir rumo aos planos espirituais.

Como se observa por essa pequena explicação, só alguém ligado ao estudo desses temas é que poderia dar-se ao luxo de introduzir tal conceito em uma música. Pois é isso exatamente que a banda inglesa Jethro Tull fez em 1973, num dos seus trabalhos mais incompreendidos por seus fãs (parece até a história dos fãs do Yes e o "Tales From Topographic Oceans"). Trata-se da música "A Passion Play" ("Um Jogo de Paixão"), tema principal do disco homônimo. Nessa longa canção (uma suíte de 46:11 minutos, subdividida na época no disco de vinil em dois lados - 23:07 minutos no lado A e 22:04 minutos no lado B) Ian Anderson, autor da mesma, líder da banda, vocalista e flautista (sua flauta e voz inconfundível são dos registros mais conhecidos do progressivo), elaborou um tema denso, enigmático e soturno sobre a questão da morte e das escolhas humanas. Como a banda vinha de dois grandes sucessos, "Aqualung" - 1971 - e "A Thick As A Brick" - 1972 - ainda hoje classificados como temas clássicos no gênero, muitos dos fãs esperavam um som semelhante. Porém, tal não aconteceu. Tanto a crítica como o público foram implacáveis na ocasião. Isso até motivou uma certa antipatia da banda em relação a imprensa e gerou uma parada temporária nos shows, já que as pessoas não estavam captando o conceito principal da obra apresentada.

Para se ter uma idéia disso, basta ver as primeiras linhas da canção:

A PASSION PLAY (Um Jogo de Paixão)

"Você ainda me vê mesmo aqui?
(O cordão de prata está caído no chão).
´E então, estou morto´, o poeta disse... além das colinas (nenhum desejo).
Meus amigos (como se fossem um) todos em pé alinhados,
embora seus táxis tenham chegado muito tarde..."

- Ian Anderson -
(Cd. "A Passion Play" - 1973).

Fico pensando se o brilhante e inquieto Ian Anderson, cheio do espírito trovador de outrora, leu a Bíblia e tirou esse texto do pregador do Eclesiastes, pois trata-se exatamente da descrição do momento final de alguém e a ruptura do cordão de prata ("caído no chão"). Isso está em "Eclesiastes", cap. 12; vers. 6:

"Antes que se rompa a corda de prata, e se despedace o copo de ouro, e se quebre o cântaro junto a fonte, e se desfaça a roda junto ao poço, e o pó volte a terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu, vaidade de vaidade, diz o pregador, tudo é vaidade."

Para um maior aprofundamento nessa parte, basta ler o capítulo inteiro do Eclesiastes.

Obs: em algumas traduções da Bíblia substitui-se o termo "Corda" por "fio de prata".

* * *

Em alguns trabalhos, há canções inspiradas em lembranças de vidas passadas (chamadas tecnicamente de retrocognições, popularmente conhecidas como regressões de memória a vidas passadas) associadas a visões e viagens durante o sono. Esse é justamente o caso da banda americana de rock progressivo "Kansas", que teve o seu auge entre os anos de 1974-1978, época em que gravou discos memoráveis ("Kansas"-1974; "Song For America" - 1975; "Leftoverture" - 1977; "Point of Know Return" - 1978). Posteriormente, durante a década de 1980, o Kansas derivou o seu som mais para o pop americano e perdeu muito em qualidade. Exceção feita aos trabalhos em que participa o magnífico guitarrista Steve Morse (atualmente nas fileiras do Deep Purple). Inclusive, para quem gosta muito do som da banda, há um ótimo cd gravado junto com a "The London Symphony Orchestra", em que os membros originais fazem uma excelente releitura de seus melhores trabalhos da época áurea. Esse trabalho chama-se "Always Never The Same" - 1998.

Informação adicional: no momento em que escrevo essas linhas, julho de 2000, o Kansas está em turnê pelos EUA junto com o Yes, fazendo a abertura dos shows da banda inglesa.

Voltando ao tema de nossa matéria aqui, vamos ver a música "Apercu", do disco homônimo, de 1974. Trata-se de visões com seres espirituais em outros planos e lembranças de vidas passadas durante o sono. Além disso, é uma bela composição.

APERCU

A névoa do tempo ainda está encobrindo
A visão que eu procuro
Aqueles que morreram prestam testemunho
Se eles pelo menos pudessem falar

REFRÃO:

Porém eu vi tudo de dentro de mim, por um momento
Você estava comigo?
Será que nós já passamos por tudo antes?
Existe realmente muito mais?
De vez em quando, a nós todos é dado
Um vislumbre de dias passados
Eu daria tudo para ver claramente
Não coberto pela névoa

REFRÃO

Cada homem tem uma memória
Muito mais do que o olho pode ver
Ainda assim outras sobrevivem no fundo de você próprio
Pensamentos obsessivos de dor e prazer dividem-no
Olhe além de seus olhos
Para os céus negros e melancólicos
Porque eles estão no seu caminho
E eu sinto a luz do dia
Agora a Terra revela seus segredos
Contidos na montanha, mar e planície
Eles nunca foram esquecidos
Apenas trancados dentro do meu cérebro
Enquanto dormia eu tive a visão
Eu me lembro, você estava comigo
Nós já passamos por tudo isso antes
Nas nossas mentes por trás da porta

- Kansas -
(Cd. "Apercu" - 1974).

* * *

Saindo um pouco da esfera do rock progressivo (há composições muito interessantes do grupo alemão "Eloy" e do multitecladista e guitarrista austríaco "Gandalf", só para citar alguns que ficaram de fora nessa matéria), justamente para mostrar a abrangência desses temas espirituais no rock em geral, vamos ver algumas composições de bandas um pouco mais pesadas no som, mas com letras contendo conteúdos muito interessantes.

LUCIDEZ SILENCIOSA (Silence Lucidity)

Quieto agora, não chore,
Enxugue esta lágrima de seus olhos
Você está seguro, deitado em sua cama
Foi tudo um sonho ruim girando em sua cabeça
Sua mente o enganou para você sentir a dor
De alguém próximo a você deixando o jogo
Da vida
Então aqui está outra chance
Bem acordado você encara o dia
O sonho terminou
Ou somente começou

Existe um lugar no qual eu gosto de me esconder
Um portal que atravesso durante a noite
Relaxe criança, você esteve lá
Mas apenas não percebeu, e você estava assustada
É o lugar onde aprenderá
A encarar seus medos, repassar os anos
E tomar as "rédeas" de sua mente
Comandando em um outro mundo
De repente você ouve e vê
Esta nova dimensão mágica

REFRÃO:

Eu, eu estarei cuidando de você
Eu, eu o ajudarei a perceber as coisas
Eu, eu o protegerei durante a noite
Eu, eu estou sorrindo do seu lado
Numa lucidez silenciosa

Se abrir sua mente para mim,
Você não dependerá de olhos abertos para enxergar
As paredes que construiu em seu interior
Vem abaixo, um novo mundo começará
Vivendo duas vidas de uma vez só, você aprende
Está livre da dor do domínio do sonho
Uma alma livre para voar
Uma viagem da ida e volta na sua cabeça
Mestre da ilusão, você percebe que
O seu sonho está vivo, você pode guiá-lo, mas...

REFRÃO

- Qüeensryche -
(Cd. "Empire" - 1990).

Essa música do "Qüeensryche" expõe claramente uma conversa sutil entre alguém e um ser espiritual, protetor invisível da pessoa em questão. Fala de viagens a outras dimensões durante o sono, atravessar portais interdimensionais e descortinar novos horizontes. Ou seja: "Uma alma livre para voar, uma viagem de ida e volta na sua cabeça!"

Diga-se de passagem, essa é uma bela música, uma balada digna de figurar entre as melhores baladas do progressivo. Contudo, o resto do disco é bem pesadão mesmo, bem hard!

* * *

O CÉU PODE ESPERAR

Não consigo entender o que está acontecendo comigo
Isto não é real, isto é só um sonho
Mas eu nunca me senti, não eu nunca me senti assim antes

Estou olhando para o meu corpo, abaixo de mim
Estou deitado, adormecido no meio de um sonho
Será que é agora que o Anjo da Morte terá vindo para mim?

Não posso acreditar que minha hora chegou de verdade
Não me sinto pronto, há tanto que ficou pra ser feito
E é a minha alma e eu não a deixarei ir embora

REFRÃO:

O céu pode esperar
O céu pode esperar até um outro dia

Tenho um desejo ardente pela terra lá embaixo
E o próprio inferno é meu inimigo
Porque não tenho nenhum medo de morrer
Irei quando estiver bem e pronto
Tenho um vislumbre das luzes, raios eternos
Vejo um túnel, fico maravilhado
Com todas aquelas pessoas ali, na minha frente

Para os caminhos do que é correto eu serei levado
É esse o lugar onde os vivos se juntam aos mortos
Eu gostaria que isso fosse só um pesadelo

REFRÃO

Pegue a minha mão, eu o levarei para a terra prometida
Pegue a minha mão, eu o farei imortal
Juventude eterna, eu o levarei para o outro lado
Para ver a verdade, a sua trilha está decidida

Meu corpo formiga, eu me sinto tão estranho
Tão cansado, tão esgotado
E eu estou imaginando se jamais serei o mesmo de novo

Isto é o limbo, o céu ou o inferno
Talvez eu vá para lá embaixo mesmo,
Não posso aceitar que minha alma vagará para sempre

Eu me sinto flutuando de volta à terra
Então seria essa a hora do meu renascimento
Terei eu morrido ou acordado de um sonho?

- Iron Maiden -
(Cd. "Somewhere in Time"; 1986).

Quem diria, hein? A "Dama de Ferro", uma das bandas hard mais apreciadas pelos fãs do gênero falando de temas etéreos em suas composições. O autor da letra conhece bem o assunto, talvez até por experimentar viagens fora do corpo na prática, pelo que tudo indica. Aliás, isso fica mais evidenciado ainda em outra música da banda, traduzida logo abaixo.

SONHOS INFINITOS (Infinite Dreams)

Sonhos infinitos, não posso negá-los
O infinito é difícil de compreender
Eu não poderia ouvir tais gritos mesmo
Nos meus sonhos mais selvagens

Acordo sufocado e suado
Com medo de cair no sono de novo
No caso de o sonho recomeçar
Alguém me persegue, não posso me mover
Permanecendo rígido, uma estátua de pesadelo
Que sonho! Quando irá acabar?
E, será que eu transcenderei?

Inquieto sono, a mente em desordem
Um pesadelo acaba e outro continua
Chegando a mim, muito assustado para dormir
Mas com medo de despertar agora em estado profundo

Embora alcance novas alturas
Eu preferia as noites inquietas
Isso me faz imaginar, me faz pensar
Há mais que isso, estou na beira
Não é o medo do que há além
É só o que eu não deveria responder

Eu tenho um interesse quase ardente
Mas gostaria eu de chegar tão longe?

Tudo não pode ser coincidência
Muitas coisas são evidentes
Você me diz que você é um descrente
Espiritualista? Bem, também não sou
Mas você não gostaria de saber a verdade
De o que há lá fora para obter a prova
E descobrir apenas em que lado você está
Onde você irá acabar, no céu ou no
inferno?
Socorra-me, socorra-me para que ache minha verdade
Sem estar vendo o futuro
Salve-me, salve-me da minha
Tortura mesmo com meus sonhos

Há que existir mais alguma coisa que isso
Ou diga-me porque existimos
Eu gostaria de pensar que quando eu morrer
Terei uma chance, outra oportunidade
E retornar, viver de novo
Reencarnar, jogar o jogo
Novamente...

- Steve Harris e Iron Maiden -
(Cd. "Seventh Son of a Seventh Son"; 1988).

Esta música descreve exatamente aquela sensação de paralisia durante o sono ("não posso me mover, permanecendo rígido, uma estátua de pesadelo...") mencionada na introdução desse artigo. Assim como o autor da letra, muitas pessoas que passam por essas sensações logo classificam-nas como pesadelos. No entanto, o autor da letra sabe que poderá transcender, ou seja, ir para fora do corpo ("Que sonho! Quando irá acabar? E, será que eu transcenderei?") Mais a frente, ele diz: "Embora alcance novas alturas..."

Pois é, aí está a poderosa "Dama de Ferro" inglesa viajando por sonhos infinitos.

Detalhe adicional: nesse mesmo disco há uma música chamada "The Clairvoyant" ("A Clarividência").

* * *

Ampliando um pouco mais o leque de informações sobre esse tema da espiritualidade na música, vamos ver o que dizem a respeito algumas personalidades da música pop e brasileira.

Certa vez, George Harrison, ex-Beatle, declarou numa entrevista (reproduzida no Brasil pela revista "Pop"; Número 78; abril de 1978) que havia experimentado uma saída do corpo e que isso havia sido um dos fatores fundamentais para sua busca espiritual. Dos quatro Beatles, George foi o que realmente aprofundou-se no lado espiritual. Viajou muito para a Índia e estudou música clássica indiana. Foi lá que ele encantou-se com o som da cítara (desde o disco "Revolver"; 1966 - verdadeiro embrião do progressivo, ele já viajava na cítara). Eis aqui suas palavras num trecho da entrevista onde o repórter perguntou-lhe como é que ele havia iniciado sua busca espiritual (página 45):

"...Depois da experiência de deixar meu próprio corpo, de ver meu ego, passei a procurar alguma coisa mais real. Então me liguei em música clássica indiana, fui a Índia, passei algum tempo com Maharishi Mahesh Yogi, em Bangor, para me encontrar."

* * *

Eis aqui um trecho de uma entrevista do baterista Paulo Zinner (tocou com Rita Lee, Golpe de Estado, Fickle Pickle) concedida a edição brasileira da revista "Modern Drummer", de julho de 1996:

MD: Como você se define como baterista?

PZ: "Esta pergunta é muito difícil. Bom, gosto de passar a minha verdade, sou perfeccionista, gosto de swingar, toco com muito sentimento, gosto de curtir a música, gosto de estar no palco, viver aquele momento tanto no estúdio como ao vivo. Uso o instrumento para passar minha energia, o que estou sentindo na hora, tento passar algo mais. Na verdade, há vezes que eu vou para outro plano espiritual e de cima me vejo tocando, vejo a banda. É uma sensação de plenitude total, é muito louco!"

* * *

Trecho de uma entrevista concedida por Milton Nascimento a revista (falta colocar o nome e referência do número da revista):

"Já fiz uma viagem astral. Eu me vi saindo de mim e sentindo um grande bem-estar, grande mesmo. Fui para um lugar que não sei onde é: uma cidade pequena, muito cheia de verde e de vida. Conversei com uma porção de pessoas. Num determinado momento, alguém me perguntou se eu queria ficar ou voltar - eu disse que queria voltar. Voltei instantaneamente. Só depois fui entender: talvez, se eu dissesse que queria ficar, já não estivesse mais aqui... Não fiquei com medo, não. Várias vezes tentei forçar a situação de novo, nunca mais aconteceu, quem sabe no futuro."

* * *

Trecho da entrevista do guitarrista Steve Vai à revista americana "Guitar Player", em maio de 1990:

"Você nos contou sobre um álbum solo na edição de out/86. É ´Passion and Warfare´ o álbum que você visualizou então?

Eu o visualizei 15 anos atrás. Veja, quando eu era mais jovem, eu estudei sobre o sono e os sonhos. Eu tenho diários de sonhos do tempo em que eu tinha 12 anos, e eu ainda tenho a minha própria linguagem de escrever de modo que ninguém consegue lê-los, porque algumas coisas são tão pessoais que você não quer nem anotá-las. Eu experimentei gravando fitas e ouvindo-as durante o sono. Eventos começaram a acontecer em meu estado de sonho, e o termo que eu encontrei que melhor descreve estes eventos é ´projeções astrais´. Eles eram incrivelmente vivos, e eu costumava tomar nota de tudo o que ocorria. Isso foi mais ou menos na época em que eu comecei a tocar guitarra. Uma noite, eu tinha 14 ou 15 anos, tive um sonho que era muito vivo para ser um sonho, muito claro. Os eventos que ocorreram, o estado mental em que eu estava, e as coisas que eu senti estão refletidas em meu álbum.

Eu tenho escrito muitas músicas acordando no meio da noite e realmente ouvindo melodias reverberando, e muitas músicas do álbum vieram a mim deste modo. Por exemplo, a seção sonho de ´Erotic Nightmares´, onde entram todos os efeitos sonoros, foi baseada num sonho incrivelmente vivo. Eu vi a mim mesmo tocando guitarra, mas eu a segurava de modo que eu fazia sons totalmente absurdos. Eu tocava ela de um jeito e ela fazia um barulho, ou um grito. Não havia barreiras - até meus movimentos eram pra lá de graciosos.

A flauta, em particular - você sabe, o ´bweep-bweep´ - realmente me pegou. No meu sonho eu peguei a guitarra, virei ela, e ela tinha esses buracos (como na flauta). Eu estava com a mão na alavanca por debaixo, e estava soprando em um daqueles buracos, dedilhando como uma flauta. Entre eu assoprar a guitarra, mover a alavanca e o amplificador, dando o ´feed-back´ nos captadores, isto criou aquele som, e o som na gravação é basicamente aquele que eu toquei no sonho. Aquele evento foi quando eu comecei a perceber que eu tinha uma identidade com o instrumento, e foi o fato mais importante da minha carreira musical. Eu experimentei sensações que eu nunca senti neste plano, embora eu tenha tentado. É de onde eu tiro a maior parte da minha musicalidade, eu creio, ou pelo menos é assim que eu descobri."

* * *

O tema dessa matéria é muito vasto e não cabe no espaço de uma só edição de "Metamúsica". Por isso, na edição seguinte continuaremos o assunto, mas de uma maneira um pouco mais intimista, onde descreverei como tive várias viagens para fora do corpo enquanto ouvia Rick Wakeman, Yes, Tangerine Dream , Pink Floyd e outros. Na época, década de 1970, ainda não haviam os trabalhos new age apropriados para relaxamento e muito menos matérias esclarecedoras como essa que o nosso editor disponibiliza pelas páginas do nosso querido "Metamúsica". Sei de muitos outros casos de pessoas que viajaram espiritualmente ao som do progressivo e sei que muitos leitores irão reconhecer certas sensações que já lhes ocorreram antes.

Nesse aspecto, o "Metamúsica" está um passo a frente dos outros tablóides e revistas do gênero no mundo, pois está possibilitando aos leitores não somente matérias técnicas sobre música, mas, também, artigos que elevem a consciência dos leitores para patamares mais amplos. Ou seja: junto com os artigos e análises dos melhores trabalhos do progressivo e da música em geral, vai junto um pouco de luz e alma direto no coração! Essa mesma luz que deu vida a muitas pérolas de inspiração que embalaram nossos sonhos e viagens em forma de músicas incríveis que até hoje nos encantam. Essa mesma luz que mora em nossos corações! Essa mesma luz que nos faz viver, sorrir, amar e seguir...

Concluo esta primeira parte da matéria com um trecho inspirado de Jon Anderson na música "Wonderous Stories" (Yes; Cd. "Going For The One"; 1977):

"Enquanto ele falava, meu espírito subia ao céu
Eu tive que retornar
Para ouvir suas maravilhosas estórias
Retorno para ouvir suas estórias maravilhosas
Retorno para ouvir suas estórias maravilhosas
LA AHLA AH AHAH..."

Paz e Luz a todos os leitores de "Metamúsica".

PS: Agradeço aos amigos Renato Stella, Sheyla May e Nair Cortijos pela ajuda e correção em algumas das traduções das letras.

- Wagner D. Borges -*
São Paulo; Inverno de 2000.

Notas: * Wagner D. Borges é um carioca de 39 anos que mora em São Paulo há dez anos. É pesquisador, conferencista, autor de cinco livros sobre temas espirituais e viagens astrais, instrutor de cursos de Projeciologia, Bioenergia, Taoísmo, Hinduísmo, Ocultismo e Espiritualismo em geral. É produtor e apresentador dos programas "Viagem Espiritual" (sobre temas espirituais), "Viagem Musical" (new age) e "Viagem Progressiva" (rock progressivo) na Rádio Mundial de São Paulo - 95,7 FM.

A importância do SONO e dos SONHOS


É importante que tenhamos um sono tranqüilo, para que possamos transformar nossos sonhos em fonte de ensinamentos e comunicação.

Marco Túlio Michalick
marcomichalick@bol.com.br

É no momento do sono que nosso espírito se desprende do corpo físico, permanecendo liga o por um cordão fluídico, e assume suas capacidades espirituais.Como está descrito no Evangelho Segundo o Espiritismo, "o sono foi dado ao homem para a reposição das forças orgânicas e morais. Enquanto o corpo recupera as energia que perdeu pela atividade no dia anterior, o espírito vai se fortalecer entre outros espíritos".

Por isso a importância de termos uma conduta moral aplicada, com as companhias, leituras e músicas. Nossas companhias do dia serão as da noite, ou seja, o nosso pensamento vai atrair espíritos encarnados ou desencarnados que tenham a mesma sintonia que a nossa.

Há diversos estudos sobre os sonhos na parapsicologia, tentando desvendar esse enigma que nos afeta sempre que acordamos na intenção de decifrarmos algo que às vezes é um sinal, outras vezes não passa de meras imagens sem significado. Antigamente, os sonhos eram considerados visões proféticas e reveladoras do futuro, onde homens entravam em contato com deuses e demônios. Muitas vezes, suas interpretações ligavam-se a superstições, numerologia, crendices, astrologia, entre outros.

Ainda hoje, pessoas aproveitam da ignorância dos homens sobre o assunto e ganham dinheiro fácil na interpretação dos sonhos de quem as procura com o intuito de decifrá-los. Assim, tornam-se vulneráveis nas mãos de gente insensata ou espíritos zombeteiros, levianos e obsessores

É através dos sonhos que temos contato com amigos, parentes, instrutores e desafetos. Dessa forma, precisamos aproveitar o máximo para podermos ser esclarecidos sobre as dificuldades que estamos passando. É através dessa conversa que teremos com esses espíritos afins que poderemos, no dia seguinte, estarmos aptos a tomar decisões mais precisas. Mesmo não lembrando do sonho na maioria das vezes, através de uma visão, uma frase ou uma conversa, podemos lembrar de algo que nos foi elucidado durante o sonho e, assim, podermos tomar a decisão correta.



OS TIPOS DE SONHOS

Martins Peralva, em seu livro Estudando a Mediunidade, capítulo XVII, descreve que há três tipos de sonhos: comuns, reflexivos e espíritas. Conforme o livro citado, os sonhos comuns são "aqueles em que nosso espírito, desligando-se parcialmente do corpo, vê-se envolvido e dominado pela onda de imagens e pensamentos seus e do mundo exterior, uma vez que vivemos num misterioso turbilhão das mais desencontradas idéias". Como sonhos reflexivos "categorizamos aqueles em que a alma, abandonando o corpo físico, registra as impressões e imagens arquivadas no subconsciente e plasmadas na organização perispiritual". Já nos sonhos espíritas, "a alma, desprendida do corpo, exerce atividade real e afetiva, facultando meios de nos encontrarmos com parentes, amigos, instrutores e, também, com nossos inimigos, desta e de outras vidas". O autor destaca ainda que "não podia o Espiritismo fugir a esse imperativo, eis que as manifestações oníricas têm acentuada importância em nossa vida de relação, uma vez que os chamados ´sonhos espíritas´ resultam, via de regra, das nossas próprias disposições, exercidas e cultivadas no estado de vigília".

No livro Nova Ordem de Jesus, ditado pelo apóstolo Thomé e psicografado por Diamantino Coelho Fernandes, é dito a todo instante a importância de, ao deitarmos, orarmos e meditarmos. São citados no livro reuniões da espiritualidade, em especial de Jesus, pelas quais, através do sonho, Ele mantém reuniões constantes com vários dirigentes terrenos responsáveis pelo governo de várias nações, com a intenção deles se entenderem espiritualmente e, posteriormente, acertarem os passos para a manutenção da paz, consolidando a harmonia entre os povos terrenos para que o planeta ingressasse no próximo século com suas populações em absoluto regime de paz e tranqüilidade.

O sono deve ser tranqüilo e, por isso, devemos fazer a oração com o coração e não aquela mecânica. A meditação serve para fazermos uma auto-análise do nosso dia-a-dia, mas sem nos punirmos de algo que efetuamos erroneamente, pois, dessa forma, estaremos nos martirizando e essa não é a intenção.


VIAGEM FORA DO CORPO


Se soubermos aproveitar nosso sono, podemos fazer coisas incríveis, como trabalhar e estudar. Na edição n° 11 da Revista Cristã de Espiritismo, Reynaldo Leite disse em sua entrevista: "nas poucas horas que durmo, meu corpo fica repousando e vou para o mundo espiritual, estou fazendo cursos". Quando foi indagado se recordava nitidamente das passagens desses cursos, ele respondeu: "Muita coisa sim, outras ficam em meu subconsciente para que oportunamente, falando ao público, o meu espírito possa buscar melhores explicações".

É claro que o aproveitamento desses momentos depende da evolução e interesse de cada um. Em Missionários da Luz, André Luiz narra o exemplo de uma escola no plano espiritual onde havia cerca de 300 alunos encarnados matriculados, mas com um comparecimento constante de apenas 32 deles. Informa que a lembrança do aprendizado variava de alma para alma e de acordo com o estado evolutivo que lhe é próprio.

Em O Livro dos Médiuns, Allan Kardec destaca o seguinte sobre os sonhos: "As mais comuns manifestações aparentes ocorrem no sono, pelos sonhos: são as visões. Não pode entrar em nosso plano examinar todas as particularidades que os sonhos podem apresentar. Resumimo-nos dizendo que eles podem ser: uma visão atual de coisas presentes ou ausentes; uma visão retrospectiva do passado e, em alguns casos excepcionais, um pressentimento do futuro".

Até mesmo para evitar o aborto o sono tem um papel importante, pois é através dele que os futuros pais são levados ao Departamento da Reencarnação, onde é elucidado que o compromisso reencarnatório deve ser cumprido. Nesses encontros, o espírito reencarnante é apresentado e, muitas vezes, é conhecido de outras vidas. Luiz Sérgio descreve muito bem esse assunto no livro Deixe-me Viver. Como temos o livre arbítrio, cabe a nós a decisão final de praticarmos ou não o aborto.

Como sabemos, o homem dorme aproximadamente um terço de sua vida terrena. Por isto, devemos nos esforçar para dormir bem, aproveitando esses momentos sublimes para termos contato com espíritos afins, podermos trocar idéias, visitar-s mos outras esferas, estudarmos e trabalharmos. Não devemos esquecer jamais da importância da oração e meditação ao deitarmos, para termos um sono tranqüilo.

Gostaria de terminar com uma oração do Evangelho Segundo o Espiritismo: "Minha alma vai se encontrar por instantes com outros espíritos. Que aqueles que são bons venham me ajudar com seus conselhos. Meu anjo guardião, fazei com que, ao despertar, eu conserve uma durável e salutar impressão desse convívio".



Para saber mais sobre o sono e os sonhos, leia O Livro dos Espíritos, questões 403 a 405.

A importância do que pensamos


Nossos pensamentos, mesmo quando não manifestados verbalmente, são tão importantes quanto nossas ações, e têm função central em nosso crescimento espiritual.

André Sant’Ana

“Tendes ouvido o que foi dito: Não cometerás adultério. Mas eu vos digo: Todo aquele que olhar para uma mulher com mau desejo já cometeu no seu coração adultério com ela” (Jesus. Evangelho de Mateus, 5:27).

Quando foram pronunciadas há mais de 2.000 anos, as palavras do Amigo Celeste devem ter causado estranheza aos participantes do inolvidável Sermão da Montanha. Na época, Jesus tinha acabado de trazer as bem-aventuranças e estava complementando os ensinamentos dos Dez Mandamentos. Até então, o conceito de adultério era somente relacionado ao fato em si, mas Jesus esclarece que também aquele que pense em adulterar estará assumindo graves responsabilidades com a sua consciência em relação ao fato.

Mas como isso é possível? Se eu não adulterei, de fato, não estarei isento do erro? Acredito que esta deve ter sido a pergunta que a maioria deve ter se feito quando Ele falou; mas mesmo sem compreender o sentido daqueles ensinamentos, todos confiaram no Divino Amigo.

Somente nesses últimos séculos é que pudemos esclarecer essa afirmativa tão transcendental; foi preciso esperar mais de 1.800 anos para entendermos esse e outros ensinamentos de Jesus. Precisamente em 18 de abril de 1857, Allan Kardec trouxe os ensinamentos e esclarecimentos dos Espíritos Superiores sobre as mais diversas questões daqui e do mundo espiritual.

Ele organizou esses ensinamentos em cinco livros, que são conhecidos como as obras básicas da Doutrina Espírita: O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno e A Gênese. E é particularmente nesse último que iremos começara desvelar, e confirmar, a afirmação do Mestre. Num sub-item do capítulo XIV que fala sobre a ação dos espíritos sobre os fluidos, criações fluídicas, fotografias do pensamento, Allan Kardec explica sobre os fluidos e os pensamentos, referindo-se à existência e à força das energias mentais que produzimos.

Alguns anos depois, outras doutrinas, como a Teosofia, também trouxeram informações sobre as energias mentais, merecendo destaque a obra de Charles W. Leadbeater, bispo anglicano, clarividente, que conseguia ver as energias mentais. Ele deixou suas experiências relatadas em vários livros, sendo o mais notável, a meu ver, o Formas de Pensamento (com Annie Besant, Ed. Pensamento), que traz várias ilustrações e explicações sobre o assunto.



NO ESPIRITISMO, ERNESTO BOZZANO ESCREVEU um livro voltado a vários aspectos da questão, o clássico Pensamento e Vontade (Ed. EEB). E, depois dele, não foram poucos os autores do mundo espiritual que trouxeram mais informações sobre o assunto: André Luiz, Emmanuel, Joanna de Angelis, Manoel Philomeno de Miranda, Charles, apenas para citar alguns que se utilizaram de Chico Xavier, Divaldo Franco e Yvonne Amaral.

E toda essa gama de informações nos permite, hoje, entender com muita clareza e profundidade a afirmação de Jesus. O Mestre quis demonstrar que somos responsáveis não só pelo que fazemos, mas também pelo que falamos e pensamos. E sendo o pensamento a “raiz” do que iremos falar, ou fazer, isso o coloca em altíssimo grau de importância, pois somos o que pensamos. Mas só essa explicação não esclarece o porquê do pensamento ter tanta importância em nossas vidas. Para isso, precisamos aprofundar ainda mais o nosso raciocínio.

Antes, é preciso saber que quem pensa não é a mente, mas o espírito. O mecanismo funciona mais ou menos assim: o espírito pensa, isso se reflete no corpo mental, que produz uma vibração no corpo espiritual, que, por sua vez, reflete essa vibração no corpo físico. E esse instante de pensar, para o espírito, tem como conseqüência a produção de duas energias mentais: as ondas mentais e as formas-pensamento.

Corpo mental e corpo espiritual fazem parte do já conhecido perispírito, que é o envoltório do espírito definido por Allan Kardec, e que mais tarde André Luiz dividiu em várias camadas, sendo esses corpos duas delas.

As ondas mentais são energias emitidas pela mente e que podem ser analisadas de acordo com o teor da sua freqüência vibratória. São elas que possibilitam estabelecer a sintonia com outras mentes encarnadas ou desencarnadas. Quanto maior a direção no Bem, maior será a freqüência da nossa onda mental. Assim sendo, eleva a freqüência vibratória tudo aquilo que reflete a essência de uma virtude: a bondade, o perdão, a tolerância, a compreensão, a caridade, a solidariedade, a benevolência, uma leitura edificante, uma oração...

Já nas formas-pensamento, temos, como Allan Kardec definiu na Gênese, a fotografia do que estamos pensando, mas não pense numa foto como as que estamos acostumados. Quis ele se referir que a mente exterioriza algo fluídico, que reflete exatamente o que nós estamos pensando naquele instante.

Ambas, ondas e formas, são produzidas ininterruptamente, já que é impossível ficar sem pensar. São forças concretas, ainda que invisíveis para os nossos sentidos. E, particularmente no caso das formas-pensamento, existe ainda a possibilidade de uma vida artificial.

Isso é possível porque a nossa mente manipula várias energias para produzir o pensamento e dentre elas, figura a energia vital que, de acordo com a quantidade, possibilitará à forma-pensamento que for criada uma espécie de “bateria”.

Cada forma-pensamento gerado possui varias características e propriedades distintas, de acordo com a concentração, a vontade e a moral da pessoa que a criou. Pela vontade, teremos a quantidade de energia mental da forma-pensamento e, pela moral, teremos a qualidade, boa ou ruim, dessa criação.

Das características das formas-pensamento, uma é muito importante e vai nos auxiliar na compreensão do ensinamento que Jesus nos trouxe: a essência. Ela vai determinar o tipo de influência que a forma-pensamento irá exercer sobre as pessoas. Por exemplo, se pensamos em alguém que esteja doente, com a determinação de ajudá-la ou com o desejo de que essa pessoa melhore, geraremos uma forma-pensamento que irá até a pessoa e que, ao entrar em contato com ela, influenciará na sua recuperação, podendo até mesmo auxiliar na sua cura. Desse modo, teremos contribuído para o bem-estar da pessoa, semeando o Bem ao nosso próximo.

Só que o mesmo mecanismo acontece com nossas irradiações negativas. Assim, se nos colocamos a produzir pensamentos que ninguém conhecerá sobre a mulher ou o homem do próximo, estaremos projetando formas-pensamento negativas à pessoa alvo, que até poderão causar-lhe algum malefício. Mas independentemente disso, nós já teremos certa quota de responsabilidade e negatividade perante as Leis Divinas, por causa da semeadura infeliz.

Além disso, essas formas-pensamento, se geradas com uma boa dose de concentração, ficam vivas e atuantes em nosso meio, como vimos. Elas têm uma certa durabilidade, de acordo com a potência do pensamento produzido, podendo então influenciar não só a pessoa alvo, mas a qualquer outra pessoa que se permita entrar em contato com a mesma.

Então, nos dias atuais, é fácil entendermos a afirmação de Jesus. Um pensamento de adultério se irradiará na direção da pessoa que se deseja, influenciando-a com essa energia negativa, perturbando-a com a idéia de traição, de sedução, com essa situação negativa podendo perdurar dias e noites. Perante as Leis Divinas, essa pessoa que projetou o pensamento é responsável por todo mal que for feito por ele.

Grande é a responsabilidade que temos com os nossos pensamentos. Ao analisarmos a profundidade do ensinamento de Jesus, percebemos como é de alta relevância compreendermos o funcionamento dessas energias mentais para conseguirmos, realmente, a nossa tão desejada transformação moral.

Notas: (Extraído da revista Espiritismo e Ciência número 20, páginas 44-46)

A hora de Deus


- Por Sry Aurobindo -

Há momentos em que o Espírito se move entre os homens e o alento do Senhor se espalha sobre as águas de nosso ser; há outros em que Ele se retira e os homens são abandonados para agir na força ou na fraqueza de seu próprio egoísmo. Os primeiros são períodos em que mesmo um pequeno esforço produz grandes resultados e mudam o destino; os segundos são espaços de tempo em que muito labor redunda em poucos resultados. É verdade que o último pode preparar o primeiro; pode ser a tênue fumaça do sacrifício que se eleva aos céus e clama pelas chuvas da benevolência de Deus.

Desgraçado é o homem ou a nação que ao chegar o momento divino encontra-se dormindo ou despreparado para usá-lo, porque a lâmpada não foi conservada acesa para o acolher e os ouvidos estão selados ao chamado. Mas três vezes maldito serão aqueles que, mesmo sendo fortes e estando prontos, gastam sua força ou usam mal o momento; para eles haverá perda irreparável ou uma grande destruição.

Na Hora de Deus purifica tua alma de toda ilusão e hipocrisia e da inútil vanglória de ti, para que possas olhar em teu espírito e escutar aquilo que chama imperiosamente. Toda insinceridade da natureza, que foi uma vez tua defesa contra o olho do Mestre e a luz do ideal, torna-se uma brecha em tua armadura e convida o golpe. Mesmo se tu conquistares por um momento, tanto pior para ti, porque o golpe virá depois e atirá-lo-á por terra no meio de teu triunfo.

Mas sendo puro, lança fora todo medo porque a hora é geralmente terrível, um fogo e um turbilhão e uma tempestade, as vindimas calcadas pela cólera de Deus. Porém aquele que se mantiver firme sobre a verdade de seu propósito, este permanecerá; mesmo que caia, ele se erguerá outra vez, mesmo que pareça arrebatado pelas asas do vento, ele retornará. E nem permita que a prudência terrena murmure muito próxima de teu ouvido, porque é a hora do inesperado. Não meças o poder do Sopro por teus sentimentos mesquinhos, mas tem confiança e seque em frente.

Mas acima de tudo, mantém tua alma límpida, se por um instante apenas, do clamor de teu ego. Então um fogo marchará diante de ti no meio da noite e a tempestade será teu auxílio e teu estandarte ondulará nas alturas supremas da grandeza que era para ser conquistada.


(Texto extraído do inspirado livro “Sabedoria de Sry Aurobindo” – Editora Shakti.)

Notas: - Nota de Wagner Borges: Sry Aurobindo (Índia, 1872-1950) foi um dos maiores mestres da Índia. O seu trabalho tornou-se conhecido como “O Yoga Integral”, porque, como ele dizia, “Toda vida é Yoga”. Para mais detalhes sobre os seus escritos inspirados, ver o excelente livro “Sabedoria de Sry Aurobindo” – Editora Shakti.

A grande viagem do espírito: a vida!


(Apenas Alguns Toques Para Dizer Que Vale a Pena Viver... e Aprender!)

A vida não espera.
Por onde você for, o tempo não pára, mesmo que você queira.
O que ficou, ficou...
O que se foi, passou...
É a vida em movimento. Somos viajantes eternos em suas trilhas.

Parece que somos passageiros na eternidade, mas a verdade é outra: somos eternos dentro do temporário. Ou seja, somos o eterno no movimento da vida que segue...
Na natureza, tudo passa! O traço característico da existência é a impermanência.
As coisas mudam, sim, mesmo que você não queira. Pessoas e situações vão e vêm em nossas vidas, entram e saem na esfera de ação do nosso viver. Isso é assim mesmo!
Há um tempo para tudo: o amanhecer, o meio-dia e o anoitecer. Da mesma forma, há um tempo para semear e colher; nascer, viver, partir, renascer e seguir...
Tudo passa! O que marca é a experiência adquirida.
As culpas e mágoas também passam!
No rio da vida, as águas do tempo curam tudo, pois diluem no eterno as coisas passageiras.
As coisas estranhas que aconteceram, os dramas que rolaram e as palavras que feriram também passam... se você permitir. Sim, se você se permitir notar que o tempo leva tudo, e que a vida segue... mesmo que você esteja emburrado agora.
Aquele ranço antigo ou aquelas emoções apagadas que, vez por outra, bloqueiam a sua alegria fazem parte do que é temporário, mas você é eterno.
Essas emoções passam por você, mas que tal virar o jogo?
Que tal passar por elas, sem se deter, apenas tirando a experiência e seguindo na vida?
Sim, tudo passa mesmo! As estações se sucedem no tempo certo: primavera, verão, outono e inverno. Isso não é bom ou ruim; é apenas natural. Como é natural o espírito imperecível entrar e sair dos corpos perecíveis ao longo da cadeia reencarnatória. Como é natural seguir para frente, pois o tempo não pára e a vida segue...
E, do centro da Consciência Cósmica, o Grande Arquiteto Do Universo, o Supremo Comandante de todas as vidas e de todos os tempos sorri e diz a todos:

“Tudo passa, menos o Meu Amor por todos.
As experiências vão, mas o aprendizado fica.
É impossível deixar de existir, pois a evolução é inevitável!
Todos estão destinados à Consciência Cósmica, mesmo que não entendam isso agora. Porém, se o desentendimento é passageiro, a felicidade advinda do processo de evoluir continuamente será imperecível.
Tudo a seu tempo!
Enquanto evoluem e aprendem a arte de viver, passem e vivam... e não se detenham até alcançar a meta!
O Amor é o que vale!”


(Estes escritos são dedicados às pessoas que perderam seres amados, seja pelo motivo que for. Que a luz do discernimento e dos sentimentos mais elevados possa devolver a elas o tesão de viver e o gosto de aprender novas lições na existência. Que elas percebam que cada dia leva consigo a maravilha do momento, que sempre passa...
Que elas se permitam ser felizes novamente, somente pelo motivo de que existir é um privilégio. E viver é fantástico!)
Paz e Luz.


- Wagner Borges -
(São Paulo, 19 de agosto de 2004.)

Notas: - NOTA: Enquanto eu passava estes escritos a limpo, lembrei-me de um maravilhoso texto do sábio hindu Sry Aurobindo (1872 –1950). Penso que sua inspiração espiritual possa ser um presente para os leitores, bem aqui no fim destes escritos que, como a vida, também passam... e ensinam!
Seguem-se as suas belas palavras numa verdadeira seqüência luminosa, dedicada Àquele Poder Maior que é a causa da vida de todos nós, temporários na aparência, eternos na essência.





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A SABEDORIA DE SRY AUROBINDO
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...Levanta teus olhos em direção ao Sol.
Ele está lá nesse maravilhoso coração de vida e luz e esplendor.
Observa, à noite, as inúmeras constelações cintilando como outras tantas fogueiras solenes do Eterno no silêncio ilimitado, que não é nenhum vazio, mas pulsa com a presença de uma única existência calma e tremenda.
Olha lá Orion, com sua espada e cinto brilhando, como brilhou aos antepassados Arianos há dez mil anos atrás, no começo da era Ariana; Sírius no seu esplendor, e Lyra percorrendo bilhões de milhas no oceano do espaço.
Lembra-te que estes mundos inumeráveis, a maior parte deles mais poderosos que o nosso próprio, estão girando com velocidade indescritível ao aceno desse Ancião dos Dias, a quem ninguém, exceto Ele, conhece, e contudo são milhões de vezes mais antigos que teu Himalaia, mais firme que as raízes de tuas colinas e assim permanecerão até que Ele, à sua mercê, sacuda-os como folhas murchas da eterna árvore do Universo.
Imagina a perpetuidade do Tempo, considera a incomensurabilidade do Espaço; e então lembra-te que, quando estes mundos ainda não existiam, Ele era ainda o Mesmo.
Observa que além de Lyra, Ele está, e no longínquo Espaço onde as estrelas do Cruzeiro do Sul não podem ser vistas, ainda assim Ele lá está.
E então volta à Terra e considera quem é este Ele.
Ele está bem perto de ti.
Repara naquele homem idoso que passa perto de ti, abatido e curvado, apoiado em seu bastão. Imaginas tu que é Deus quem está passando?
Há uma criança rindo e correndo ao sol. Podes tu ouvi-Lo nesse riso?
Não, Ele está ainda mais próximo de ti. Ele está em ti, Ele é tu mesmo.
És tu que ardes lá longe, há milhares de milhas de distância, nas infinitas extensões do Espaço, és tu que caminhas com passos confiantes sobre os turbulentos vagalhões do mar etérico.
És tu que colocaste as estrelas em seus lugares e teceste o colar de sóis, não com mãos, mas por este Yoga, esta Vontade silenciosa, impessoal e inativa, que te colocou hoje aqui, ouvindo a ti mesmo em mim.
Olha para cima, oh filho do Yoga antigo, e não sejas mais medroso e céptico; não temas, não duvides, não lamentes, porque em teu aparente corpo está Aquele que pode criar e destruir mundos com um sopro.


- Sry Aurobindo -
(Texto extraído do maravilhoso livro “Sabedoria de Aurobindo” – Editora Shakti.)

A grande respiração psíquica dos Yogues


Os Yogues tem uma forma predileta de respiração psíquica que praticam ocasionalmente, e à qual deram um nome Sânscrito que traduzimos com os termos "grande respiração psíquica".


Apresentamo-lo por último, porque requer um conhecimento prático da respiração rítmica e imaginação mental, que o estudante pode obter por meio dos exercícios que precedem. Os princípios gerais da Grande respiração resumem-se no antigo provérbio hindu que diz: "Bem-aventurado o Yogue que respirar através dos seus ossos".

Este exercício encherá de Prana (força vital, energia) todo o organismo, e dará energia a todos os ossos, músculos, nervos, células, tecidos, órgãos e partes, afinando-os todos por meio do Prana e pelo ritmo respiratório. É uma purificação geral do sistema, e quem o pratica cuidadosamente, terá uma sensação como se tivesse obtido um corpo novo, recém-criado, desde o crânio até às solas dos pés.

Deixaremos o exercício falar por si mesmo:


1. Deitai-vos, numa posição cômoda, e com os músculos afrouxados.

2. Respirai ritmicamente, até estabelecerdes ritmo perfeito.

3. Depois, ao inalar e ao exalar, formai a imagem mental da respiração haurida através dos ossos das pernas, e pelos mesmos expelida; em seguida formai a imagem mental da respiração haurida e expelida pelos ossos dos braços; pelo crânio; pelo estomago; pela coluna espinhal; e depois como se a respiração fosse inalada e exalada por todos os poros da pele, estando todo o corpo cheio de Prana e vida.

4. Em seguida, (respirando ritmicamente), enviai a corrente de Prana aos seguintes Sete Centros Vitais, um após outro, aplicando a imagem mental como nos exercícios precedente:

a. À testa;

b. À parte posterior da cabeça;

c. À base do cérebro;

d. Ao plexo solar;

e. Região sacra (parte inferior da espinha dorsal);

f. À região do umbigo;

g. Às partes genitais.

Terminai, fazendo passar a corrente de Prana por todo o corpo desde o crânio até aos pés, algumas vezes.

- Por Yogue Ramacháraca -

(Texto extraído do excelente livro "A Ciência da Cura Psíquica" – Ed. Pensamento)

A grande magia: ser canal do amor e parceiro da luz I

A grande magia é a arte de ser útil àquelas vagas sutis que estimulam o progresso de todos os seres. Ser canal consciente das ondas de amor que interpenetram a vida. Ser parceiro da luz na consecução dos valores verdadeiros.
O mago verdadeiro é súdito do amor e parceiro da natureza. Trabalha com seus elementos como quem pede passagem para algo sagrado. Sabe que os seus movimentos são observados no seio do invisível.
Ao entrar em relação com seus elementos invisíveis, ele sabe que, além das coisas físicas que podem servir de receptáculo às energias do Astral, o seu próprio coração é o principal conversor e receptáculo das forças vitais.

Ele sabe que o grande potencial está em si mesmo, pois é um ser de luz, é divino e eterno, e carrega o potencial das estrelas no brilho de seus olhos.
O mago verdadeiro jamais assalta os poderes da natureza. Ele a respeita profundamente. Por isso, não força a barra, somente age com elegância e educação no trato com o Invisível que rodeia os seres vivos.
Quando ele vê algum mal feito na intenção de alguém, realizado por alguém sem ética na jornada espiritual, e que usou as forças cegas da natureza para isso, simplesmente ele mergulha na prece e roga aos poderes celestes que transformem tal ação indigna em aprendizado por parte de quem remeteu o mal para outro.
Como a natureza é simpática a ele, pelo seu respeito e generosidade, atende o seu pedido e envia os seus guardiões astrais para os devidos ajustes energéticos com os violadores psíquicos que usaram as energias para o malefício.
O mago verdadeiro é simples e alegre. Os espíritos da natureza o adoram!
Por onde ele vai, um séqüito desses seres o acompanha. Eles gostam de sua aura jovial. Eles sabem que a Luz é sua parceira incondicional.
O mago verdadeiro é igual a um sol. E por onde ele vai, a grande magia acontece:
“O Amor floresce nos caminhos, dos homens e dos espíritos.”

(Estes escritos são dedicados ao mestre Phillipe de Lyon, um dos grandes taumaturgos do Cristo, e que era um mago verdadeiro na cura e transformação dos homens.)

P.S.: Escrevi este texto sob a inspiração espiritual do mestre Omraam Mikhael Aivanhov.

(Obs.: Maiores detalhes sobre o trabalho desse mestre espiritual super legal podem ser coletados em nosso site – www.ippb.org.br – Para isso, basta clicar o seu nome na seção de busca por palavras do site. Daí surgirão diversos textos dele postados nas várias seções do site.)


- Wagner Borges -
São Paulo, 24 de setembro de 2004, às 18h52min.

Notas: Nota: Enquanto passava a limpo estes escritos, lembrei-me de dois outros textos que se correlacionam com esse de agora. Seguem-se os mesmos abaixo.





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MAGO BRANCO
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Os caminhos da magia se interconectam no espaço/tempo, através das energias da natureza. O mago é aquele que se sintoniza com a natureza e extrai dela as essências energéticas e a força com que norteia o seu trabalho.

Admirando a natureza, ele procura beijar o sol, a lua e as estrelas.

Logo, mago branco é todo aquele que procura ver em todas as criaturas o sol, a lua, as estrelas e a natureza.

Por isso, ele beija e admira todos como emanações da própria natureza.

Quem quiser ser mago branco, que comece a admirar os semelhantes e a ver neles a expressão da natureza, que, por sua vez, é a expressão do próprio Criador.


- Mikhael Aivanhov -
(Recebido espiritualmente por Wagner Borges – Texto extraído do livro “Viagem Espiritual I” – Wagner Borges – Editora Universalista – 1993.)

A grande magia: ser canal do amor e parceiro da luz II

O Amor é a Grande Magia! (1)

Sem ele, as pessoas projetam suas intenções confusas e cheias de egoísmo para dentro dos espíritos dos elementos . Por sua vez, esses últimos refletem essas ondas psíquicas, exatamente na mesma sintonia de suas emissoras originais.

Cada um leva dos elementos da natureza aquilo que já carrega por dentro de si mesmo.

Muitas pessoas, pretendendo dominar as energias dos espíritos dos elementos, são, elas mesmas, dominadas por eles. E, quando eles encontram coisas indignas dentro delas e pedidos estranhos, apenas refletem o padrão original encontrado.

Por isso a Magia só é grande quando originada pelo Amor.

Então, até mesmo os seres dos elementos, encantados com a Luz da Paz, refletem isso para dentro do coração encantado pelo Amor.

Essa é a Magia que liberta, esse é o Amor que transforma.

Que cada um seja a imagem do Fogo do Amor em suas atividades.

Que as Águas Curativas do Supremo lavem as velhas feridas do espírito.

Que os Ares ventilem idéias curativas, e que a Terra seja amiga.

É o Amor do TODO (2) que dá origem a tudo!

Do mais elevado céu, aos abismos mais profundos, que todos os seres, encarnados e desencarnados percebam o essencial: é o Amor que faz a Magia da Vida acontecer.

E quando o amor se apresenta, os seres dos elementos (3), também chamados pelos homens de “encantados”, ficam, eles mesmos, encantados com aquele coração amoroso, que encanta todos com os encantos do Amor.

O Amor é a Grande Magia, e O TODO, que está em tudo, é o Grande Mago, e a sua Magia especial é a Vida!

Aqueles que trabalham sob os auspícios da Magia do Amor compreendem isso e, com humildade e respeito ao Poder Maior, simplesmente agradecem o Dom da Vida.



Paz e Luz.



P.S.: Esse texto foi escrito sob a inspiração de um dos amparadores extrafísicos do grupo dos Iniciados (4), durante a 3ª Conferência de Metafísica, realizada na cidade de Florianópolis. Enquanto eu aguardava a hora de realizar uma palestra sobre as experiências fora do corpo (viagem astral, projeção da consciência), sentado na mesa dos conferencistas do evento, um dos espíritos, que é muito ligado ao trabalho do mentor espiritual Ramatís, me sugeriu o conteúdo desses escritos. Então, ali mesmo, sentado em frente à platéia presente na conferência, grafei essas linhas apressadamente.

Na seqüência, li o texto para o pessoal, e todos ficaram bem contentes com esses toques conscienciais sobre a Magia e o Amor. Além disso, estavam presentes no auditório vários médiuns e sensitivos variados, que, também, assinalaram a presença de Ramatís (5) no ambiente.



- Wagner Borges –

Florianópolis, 18 de setembro de 2005.

- Notas:

1. A primeira parte desse texto está postada na seção de textos periódicos de nosso site. É o texto 560, postado em outubro de 2004 – www.ippb.org.br

2. O TODO: dentro das tradições herméticas, é o Poder Supremo que dá origem a todas as coisas; O Absoluto; Deus; O Imanente; O Profundo; O Amor Maior que Gera a Vida; O Grande Arquiteto Do Universo; O Primeiro Amor; A Primeira Luz, fonte de toda vida; simplesmente, o TODO que está em tudo.

3. Encantados: dentro das diversas tradições espiritualistas, é o mesmo que elementais ou espíritos da natureza.

4. Os Iniciados: grupo extrafísico de espíritos orientais que opera nos planos invisíveis do Ocidente, passando as informações espirituais oriundas da sabedoria antiga, adaptadas aos tempos modernos e direcionadas aos estudantes espirituais do presente. Composto por amparadores hindus, chineses, egípcios, tibetanos, japoneses e alguns gregos, eles têm o compromisso de ventilar os antigos valores espirituais do Oriente nos modernos caminhos do Ocidente, fazendo disso uma síntese universalista. Estão ligados aos espíritos da Fraternidade da Cruz e do Triângulo. Segundo eles, são “iniciados” em fazer o bem, sem olhar a quem.

5. Para enriquecer esses escritos, posto na seqüência um texto antigo de Ramatís sobre o tema da Magia.





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MAGIA
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A magia trevosa é basicamente emocional. Só funciona nas vítimas que estiverem na mesma freqüência emocional dos feiticeiros e seus asseclas astrais.

A energia gerada pelas egrégoras trevosas funciona através do ódio, do medo e da sugestão, e o objetivo é sempre a dor e o desespero.

Na verdade, o que todo feiticeiro deseja é a ditadura espiritual e o domínio sobre os outros, através das forças elementais da natureza. O feiticeiro deseja comandar, mas acaba, ele mesmo, sendo um escravo das forças perversas que desencadeia.

O mal vai e vem. A semeadura das ações é livre, mas ninguém deve esquecer-se de que a Lei do Carma* é inexorável e regulada por códigos siderais, que estão além do entendimento dos homens.

Se a semeadura é livre, a colheita é obrigatória. Quem planta o mal, acaba colhendo espinhos. Quem planta amor não é bem compreendido no seio de seus irmãos terráqueos, que chafurdam ainda na animalidade, mas é compreendido pela natureza e pelo tempo, que, na devida ocasião, lhes apresentará os frutos harmônicos do bem, pois, quem planta amor colherá, sem dúvida, muito carinho pela eternidade afora.

Que ninguém se esqueça da própria imortalidade e nem dos atributos internos que cada pessoa deve ter.

A melhor maneira de defender-se do mal não é usar nenhum amuleto, círculo mágico ou ritual obscuro, mas sim, usar o talismã do bom pensamento, a magia branca do amor e do perdão, o mantra da boa palavra, a energia do sentimento e, acima de tudo, o ritual de ser uma pessoa equilibrada a todo instante.



Paz e Luz!



- Ramatís -

(Recebido espiritualmente por Wagner Borges – Texto extraído do livro “Viagem Espiritual I” – Editora Universalista – 1993).



- Nota:

* Carma (do sânscrito “Karma”): é a lei de causa e efeito universal.

Notas: